A região geográfica que correspondia ao reino do Cayor foi anexada pelos franceses em 1886. No início do século XX o território que se estendia entre Dakar e Saint-Louis continuava sendo identificado pelo nome Cayor. É assim que Fortier nomeia as localidades percorridas pela estrada de ferro inaugurada em 1885 ligando Saint Louis a Dakar. Essas paragens do trem eram conhecidas como escales, termo que remetia aos antigos locais de comércio da goma-arábica às margens do rio Senegal. Para elas afluíam os traitants, comerciantes locais, que recolhiam os arachides produzidos no interior da região.
As lojas das casas de comércio europeias eram ao mesmo tempo galpões e depósitos. A renda auferida pelos traitants ou agricultores com a venda dos arachides era em geral gasta ali mesmo, onde produtos apreciados pelo consumo local, como os tecidos, eram oferecidos.
O escoamento da produção de arachides foi uma das razões que justificaram a construção da ferrovia que cortou longitudinalmente o Cayor.36
Louga foi uma das cidades que cresceu com a chegada da estrada de ferro, atraindo o comércio local.
O poço de Ndande, hoje seco, estava em atividade por volta de 1902 quando Fortier o visitou. A informação precisa a respeito de seus 45 metros de profundidade e 20 de largura é parte da legenda do postal. É mencionado ali também o fato do poço não ser cimentado, apesar de sua dimensão.
A estrada de ferro passava pela floresta de Pire, formada por palmeiras do tipo conhecido na África do Oeste como “Rhônier”. Folhas dessas árvores, em forma de leque, eram usadas para cobrir casas e na cestaria.
Tivaouane, retratada nos três postais acima, tinha sido a capital do reino do Cayor antes de sua conquista pelos franceses e era portanto uma localidade importante na linha da estrada de ferro. Na primeira imagem, um homem mostra grandes cabaças às mulheres, junto a uma caravana de camelos. Na seguinte, vemos o ativo mercado da cidade, sob um baobá antigo e outros mais novos. À esquerda, um trilho tipo Decauville está assentado na areia. No canto esquerdo do último postal, um homem com o casque blanc aparenta estar trabalhando com uma máquina de costura.
NOTA
36 Segundo KLEIN, 1968, p.120 nota g: “A ferrovia alcançou o que os comerciantes queriam. A região do Cayor-Baol, que já era então a área mais importante para a produção de amendoim, viu suas exportações saltarem de 12 milhões de quilos em 1885 para 98 milhões de quilos em 1900. Essa quantia era cerca de dois terços da exportação total do Senegal.”